O Ideograma Arte

Jornal Tao do Taoísmo – n. 18 índice

O termo ‘Arte’ dentro do pensamento taoísta engloba toda e qualquer técnica ou prática que organize e oriente a ação do homem no mundo. São conhecimentos que funcionam como ferramentas de assistência: artes da massagem, como o Tui Na; artes marciais, como o Tai Chi; da longevidade, como Lian Gong; da mobilização das energias, Qi Gong (Chi Kun).

Existem também as artes de orientação, como a astrologia [zwds|Zi Wei Dou Shu]] e o oráculo do Yi Jing (I Ching): se você tem duvidas, está em crise, precisa de orientação, o mestre de oráculo, através da sua arte pode auxiliá-lo. O Feng Shui, que está na moda hoje em dia, é a geomancia chinesa, a arte taoísta do ordenamento ambiental, do equilíbrio entre o homem e a natureza.

As artes são os instrumentos que o homem pode usar para alcançar a felicidade e a saúde. São, portanto, regras para que o homem viva em harmonia com o mundo, pois o taoísmo entende que, quanto mais saudável o corpo, sereno o coração e correta a orientação, mais rápido o homem progredirá no Caminho Espiritual.

O ideograma Arte (Shù) pode ser traduzido de uma forma geral como arte, prática, método ou técnica. Ele é composto pela junção de dois outros ideogramas Um deles, xíng, significa movimento, ação, atitude, realização, conduta. O outro, zhú, significa um tipo de planta medicinal. Portanto, de forma bem literal, shù seria “caminhar e praticar a colheita das plantas medicinais”.

Está contida no ideograma que designa o termo ‘arte’ a idéia de buscar a cura na natureza. A prática da colheita implica numa caminhada em busca dessas plantas. Não se trata apenas de colher as plantas, mas também, de caminhar em busca delas, trata-se de um processo ativo e também seletivo, já que denota um tipo determinado de planta. Talvez aí esteja implícita a idéia central que norteava a antiga transmissão dessas técnicas: o discípulo precisava peregrinar pelos mosteiros em busca de um mestre que se dispusesse a transmitir-lhe os segredos das artes. E quando encontrava o mestre, devia desenvolver a perícia necessária para extrair seus ensinamentos. Assim como a colheita das plantas medicinais só podia ser feita no momento adequado – de acordo com a lua, a estação do ano, a hora do dia – também os conhecimentos só eram transmitidos quando o discípulo estava pronto para absorvê-los.

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