Mestre Wu Jyh Cherng e o Taoísmo no Brasil

Você acabou de voltar de Taiwan. Como a Sociedade Taoísta da China avalia o trabalho desenvolvido pela sociedade Taoísta do Brasil?

Estão vendo com bons olhos, porque conseguimos co muitas dificuldade e algumas barreiras, implantar o taoísmo com pureza, mantendo-nos fieis ao raciocínio original, autentico e tradicional dos mestres taoístas. Ao invés de adaptar o ensinamento original à forma de pensar ocidental, conseqüentemente desvirtuando-o, procuramos, pelo contrario, transmitir o esclarecimento necessário para que esse ensinamento original seja compreendido e assimilado. Por isso, nosso trabalho é bastante prestigiado lá na China.

O que chamou a atenção da Sociedade Taoísta da China?

O fato de fazermos um trabalho, para os principais membros, de integração do desenvolvimento interior e do desenvolvimento exterior. O desenvolvimento interior dá-se através da meditação e introspecção. O desenvolvimento exterior, através do trabalho de mantras e cantos, e também através do trabalho de assistência, que inclui as artes, oráculos, astrologia, feng shui, curas e praticas de saúde, sem fragmentar e separar, e sim integrando uma forma e bastante antiga de trabalhar com o taoísmo.

Qual o rumo atual do taoísmo chinês?

Eles também estão se organizando. Digamos que o oriental contemporâneo esteja com a mentalidade mais ocidental por causa da globalização. Os mestres perceberam que a experiência no Brasil, onde ensinamos algo absolutamente tradicional, sem desvirtuá-lo através de práticas e didáticas inovadoras, resultou no entendimento do ocidental não apenas intelectual, mas com total integração através da fé, prática e devoção.

Deram-se conta que nosso método, desenvolvido para ensinar ao ocidental, também é muito útil para ensinar aos jovens chineses de hoje, mais ocidentalizados. Nossa experiência motivou inúmera conversa e reuniões para esclarecer como trabalhamos aqui no Brasil. E eles, então, passaram a absorver nossas experiências para aplicar, não em pessoas tradicionalmente envolvidas no taoísmo, e sim nas mais distantes ocidentalizadas.

Quais os próximos passos da Sociedade Taoísta do Brasil?

De acordo com a Escola Cherng Kon, a partir do ano 2004 estamos entrando no exercício 8, que é um período extremamente favorável aos desenvolvimentos interiores. Alem do que já foi enfatizado até agora – fazer-se a integração interior, exterior e assistencial juntas – nos últimos dez anos, trabalhamos maciçamente na transferência de conhecimento. Essa transferência abrangeu técnicas meditativas, tradução de testos, técnicas mágicas, tradução de rituais, ensinamento, preparo e treinamento para os rituais, e a transferência das artes – oráculos, feng shui, etc. Nos próximos dez anos, principalmente a partir de 2004, vamos entrar em um período mais estável e focalizado na aplicação e desenvolvimento dessas técnicas, elevando-se o nível e aprofundando-se a experiência mística. É esse o rumo: repetição e aprofundamento das práticas.

Sempre haverá técnicas e conhecimentos para seres transferidos. O taoísmo é muito grande e, dentro de cada setor, há muitos conhecimentos e ensinamentos. Essa transferência não termina em dez, cinqüenta ou duzentos anos. Sua tradição é extremamente rica.

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