Férias no Caribe

Meditação em chinês significa “sentar no silêncio”. Mas como você poderia entrar em silêncio? Esquecendo seu corpo, suas palavras, seus diálogos interiores, os ruídos externos, seu ego e sua identidade. Concentre sua mente na respiração, relaxe e se entregue. Wu Jyh Cherng Sacerdote Taoísta

Chuang Tzu dizia: “Relaxe o corpo e abandone a Lucidez.”

Lucidez aqui tem a conotação de engenhosidade. Significa que durante a meditação você está parado, não está precisando ser esperto, não precisa ser esperto, não precisa fazer nada. Isso é tão simples como você, por exemplo, trabalhar numa empresa onde existe muita disputa de poder, muita intriga; você se estressa com isso e quando finalmente consegue tirar umas férias e vai passear no Caribe com sua família, começa a se utilizar de intrigas e disputas de poder com a sua mulher, seu filho e todas as pessoas que encontra no caminho. Então, o que você está fazendo? Se você está tirando férias para relaxar de um ambiente em que existe uma intriga e disputas, por que vai exercitar tudo isso nas férias?

O mesmo acontece na prática da meditação, ou seja: fora da meditação você já se aborrece e se preocupa com todas as coisas que acontecem comumente na sua vida. Então se você consegue reservar quinze, trinta ou sessenta minutos do seu dia para praticar a meditação, para sentar e esquecer, nessa hora você não precisa de engenhosidade, não precisa de um pensamento ativo, não precisa ser esperto nem capacitado a pensar, raciocinar, “armar”; você não precisa de nada disso, você precisa esquecer tudo isso porque está descansando de você mesmo. É como se você estivesse tirando umas “férias no Caribe” dentro do seu quarto, sentado. Nessa hora, então, você tem que relaxar.

O tempo inteiro nós estamos sugando nossa inteligência, tentando ser mais espertos o tempo inteiro, estamos sendo condicionados pelas normas. Então no momento da meditação, quando você está sentado e esquecendo, deve procurar fazer o que seu corpo estiver solicitando: pode relaxar, esquecer das normas. Você está sozinho, sentado, com a porta fechada, confortável na sua poltrona. Por que precisa seguir as normas? Você não está disputando nem discutindo com ninguém, para que precisa de engenhosidade e da inteligência? Você deve ir relaxando, relaxando, e é aí que você vai entrar na meditação.

Conforme você for relaxando, vai se unindo à Grande Abertura e é aí que você vai sentir como se dentro da sua alma se abrisse uma porta – e você sai de dentro de você e entra no vazio. A partir daí você vai, realmente, encontrar o seu caminho.

Se você tiver medo de esquecer demais, a ponto de esquecer até mesmo de sair da meditação, coloque um despertador moderno, com barulhinho sutil ao seu lado, que ele vai trazê-lo de volta da meditação na hora certa, sem assustar você.

Você não somente vai perder o sentido da sua presença, mas vai perder também o sentido do seu corpo físico, do tempo, do espaço e aí perde o sentido do universo e de todas as loucuras, todos os traumas e complexos que estão dentro de você, todos os bloqueios físicos, energéticos e psíquicos se dissolvem.

Cada vez que você se senta e esquece tudo, seu corpo fica inteiramente relaxado e aí você joga todo o lixo, toda tensão física que está dentro de você para fora, pelo menos por alguns instantes e quando isso acontece sua energia passa a fluir completamente desimpedida porque não há mais tensão física nem emocional no seu interior. Normalmente, depois de sair da meditação, você recolhe todo o lixo que jogou fora antes. Mas se você continuar meditando, depois de algum tempo de pratica, quando sair da meditação vai ficar um bom tempo sob o efeito da meditação.

Se uma pessoa conseguir meditar disciplinadamente pelo menos quarenta minutos por dia vai ter mais ou menos umas nove horas seguidas de bom humor, serenidade, etc. Por isso, normalmente nós aconselhamos as pessoas a fazerem duas sessões de meditação de 45 minutos cada: uma de manhã, ao acordar, depois de tomar um pouquinho de água ou café, para ter um dia tranqüilo, mesmo que seu ambiente de trabalho seja agitado e nervoso; e a outra à noite, quando chegar em casa e o efeito da primeira meditação, a capacidade de quietude já tiver se desgastado ou estiver prestes a acabar, quando você já tiver consumido toda ou quase toda serenidade que havia adquirido com a sessão de meditação da manhã. Aí você, antes de dormir, deveria tentar meditar outra vez e nesse caso para ter uma noite tranqüila de sono.

Se você conseguir fazer essas duas sessões de meditação diariamente, vai conseguir ter ciclos diurnos e noturnos cada vez mais harmoniosos. Chega um momento em que esses efeitos do dia e da noite vão se conectar um ao outro e aí você passará a ficar vinte e quatro horas por dia dentro de um patamar de estado emocional e físico razoável. Está claro, no entanto, que eu não estou dizendo que com isso você vai virar um Homem Santo, mas terá muito mais capacidade de aplicar na vida cotidiana os ensinamentos espirituais.

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