Editorial: O Anzol e o Peixe

Na tradição taoísta não é o mestre que se esforça para atrair o discípulo ou para convencê-lo de qualquer coisa, é o discípulo que deve se esforçar para permanecer junto ao mestre. Para ilustrar essa idéia, os taoístas usam uma interessante metáfora e dizem que o mestre taoísta é aquele que pesca com um anzol completamente reto e o discípulo é o peixe que deve se esforçar para manter-se ao anzol reto. De uma certa forma, poderíamos dizer que ao disponibilizar as artes para orientais e ocidentais, crentes e ateus, a tradição taoísta lança anzóis retos, aderem à tradição aqueles que desejam.

E é com esse espírito que o Taoísmo vem penetrando no Ocidente através das artes e da filosofia num primeiro momento, seguindo-se a prática devocional num momento posterior. A tradição taoísta disponibiliza os ensinamentos, os discípulos aderem a essas práticas por opção pessoal e progridem nela através da Constancia. A maioria não pergunta o nome do pescador que lançou aquele anzol, e assim a tradição taoísta através das artes vai exercendo um grau de influência sobre a vida desses praticantes, mas se mantém anônima.

Se a tradição taoísta tivesse a prática de conversão, se perseguisse a meta de reunir o maior numero de adeptos, as artes seriam um bom instrumento para isso. Mas as artes taoístas foram concebidas como instrumentos para ajudar o homem a viver em harmonia com o Céu e a Terra, e sempre foram técnicas que estiveram disponíveis a todos aqueles que se esforçam sinceramente para aprendê-las.

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