A Flor do I Ching e o Ladrão de Machado

Oscar Maron Professor e Consultor I Ching Flor de Ameixeira Sociedade Taoísta do Brasil

Ladrão de MachadoEm 1859, o Velho Mundo fez-se em pedaços com a publicação de “A origem das espécies”, de Darwin. E assim no século XVIII a biologia tornou-se o pano de fundo do pensamento filosófico. Nesse período, o filosofo e biólogo Hebert Spencer explicava: “ o que garante a vitalidade de um organismo é a sua capacidade de fazer “adaptações proféticas.”

A vida é perfeita quando a correspondência é perfeita. A correspondência não é uma adaptação meramente passiva, o que distingue a vida é a adaptação das relações internas, prevendo uma mudança nas relações externas, como quando um animal se encolhe para evitar um golpe, ou um homem faz a fogueira para esquentar a comida. A vida é continua adaptação das relações internas e externas.

As adaptações proféticas citadas por Spencer são a essência do I Ching. Compreender as mutações e saber se adaptar a elas com sabedoria, esse é o tema do oráculo. O I Ching é uma síntese de todas as transformações do universo. O conhecimento das leis da mutação, através do oráculo do I Ching, revela em função da ocasião e posição como agir, qual a adaptação eficaz, e qual a orientação vital a seguir nas crises, nas duvidas e nas diversas situações que fervilham na vida.

O oráculo tem a capacidade de se movimentar.

A FLOR DO I CHING

Na Escola de I Ching Flor de Ameixeira, qualquer acontecimento que desperte a atenção pode ser interpretado como um oráculo: o tempo, as palavras, batidas na porta, uma nuvem, um fato inesperado no dia a dia. Tudo o que existe, tudo o que acontece na vida, pode ser codificado em símbolos do I Ching através de imagens e números e transformado em Oráculo.

A questão fundamentaL para alguém que interpreta um oráculo como o I Ching Flor de Ameixeira (assim como qualquer outro), alem de conhecer o vocabulário de conceitos e conhecimentos necessários a compreensão da formulação oracular, é articular os signos do oráculo ao todo e integrá-lo a realidade sem deixar que o ego com suas projeções, desejos e apegos distorça a realidade.

O LADRÃO DE MACHADO

Prestem atenção nessa historia de Lie-Tzu:

“Um homem perde seu machado. Ele desconfia do filho do vizinho e começa a observá-lo. Seu andar era o de um ladrão de machado; a expressão de seu rosto era a de um ladrão de machado; seu modo de falar correspondia perfeitamente ao do de um ladrão de machado.

Todos os seus movimentos e todo o seu ser exprimiam claramente o ladrão de machado. Ora, ocorre que o homem que havia perdido o machado, ao cavar por acaso a terra no vale, topou com esse instrumento de trabalho.

No dia seguinte, ele observa novamente o filho do vizinho. Todos os seus movimentos e todo o seu ser deixaram de ser os de um ladrão de machado.”

A mente humana se assemelha aqueles espelhos irregulares que dão propriedades diferentes suas a diferentes objetos, e que s distorcem e desfiguram.

DISSOLVER O EGO

O leigo corre o risco de fazer a mesma coisa ao analisar oráculos. O importante numa consulta é dissolver o sujeito, não é o que ele quer, e sim o que a situação implica. O oráculo requer reflexão e meditação. Quanto maior o nível de consciência do consultor de oráculos, mais profunda é a sua analise.

Assim também, para interpretar a vida com lucidez, antes de tudo é necessário encontrar a quietude, a naturalidade e o coração vazio de intenções.

Através do Oráculo, você pode ir para muito além das aparências, você pode enxergar alem do que normalmente se enxerga. Mas para chegar a esse ponto de ver a verdadeira visão desse universo, você vai necessitar em primeiro lugar de serenidade e paz interior. Porque se não tiver, vai no máximo projetar mil fantasias que não passam de sonhos.

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